Diário de Bordo - Curso de Especialização/UFRGS

quarta-feira, julho 18, 2007

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE AS PRÁTICAS DOS PROFESSORES

Alguns conceitos educacionais vem se transformando, à medida que a sociedade exige novas posturas, concepções e formas de agir diante do momento histórico. Podemos dizer que a abertura política nos últimos vinte anos mudou significativamente o quadro da educação brasileira, mas o interessante, é que esta alteração não é completa e nunca o será. Temos convivido com profissionais da educação dos mais diversos modos de ser, de pensar, de agir, com idéias tão particulares, tão arraigadas em seu modo pedagógico de trabalhar, que não abrem mão daquilo que acreditam ser a melhor forma de dar aulas. Este é o conceito mais veiculado em nosso meio: dar aulas. E o que é dar aulas, senão uma concepção de educação onde o educador é o único detentor do conhecimento, soberano na sala de aula, acredita que se o aluno conversar ou se mexer na carteira, não irá aprender. Aos berros, solicita à turma, atenção para que haja a aprendizagem. Não permite que os alunos se expressem por que eles têm que aprender o conteúdo da aula. Este é apenas um dos tipos de profissionais que convivemos no dia-a-dia da escola pública.
Há aqueles que procuram trabalhar pedagogicamente, possibilitando a participação do aluno no processo de aprendizagem, com atividades metodológicas e recursos tecnológicos variados, existindo uma abertura para que o espaço de sala de aula seja democrático, que leve a construção do conhecimento, de forma interdisciplinar e contextualizada, com o cotidiano do aluno e na comunidade em que está inserido. Estas situações de aprendizagem que partem de situações problemas, de contextos históricos, são os desejos que se almejam em termos educacionais, partindo do pressuposto que o aluno tenha o interesse em aprender, ou pelo menos, seja estimulado, motivado para o processo. A leitura e a interpretação de textos é uma das atividades mais importantes no processo de construção do conhecimento, para que isto ocorra com sucesso é necessário que o professor atue como gestão democrático, o que exige competências e habilidades.

Habilidades e Competências em gestão da sala de aula têm sido identificadas como capazes de reduzir problemas disciplinares, garantindo melhor desempenho acadêmico.
Habilidades em gestão de sala de aula:
- Refere-se mais propriamente à forma como o professor conduz sua sala de aula ao alcance dos seus objetivos.
- Exige características pessoais que deverão ser desenvolvidas. Se posicionar como líder. Ser capaz de projetar valores institucionais.
- Exige mais da capacidade do sujeito para lidar com pessoas em diferentes situações.
Competências em gestão de sala de aula:
- Dependem de muito estudo, leitura e treinamento. Vai desde o saber conceitual até aquele aplicado.
- É a capacidade de aplicar conhecimentos e domina-los, na execução de alguma atividade em sala de aula.
- Exige capacidade técnica e eficiência profissional e docente, organizando a estratégia de seu alcance.
(ANINGER, 2005, p.20)

O desenvolvimento das habilidades e competências do professor em sala de aula pode resolver grande parte dos problemas de aprendizagem. A postura pedagógica do professor pode levar o aluno a se concentrar nas atividades propostas, participando do processo educacional ou às situações de indisciplina; principalmente quando o método utilizado é só o expositivo e de memorização, portanto a leitura passa a ser mecânica. A variedade de recursos metodológicos e tecnológicos é um ótimo caminho para envolver o aluno no processo de construção do conhecimento, de contato com diferentes tipos de textos e contextos.
Percebe-se que o linguajar de alguns alunos é repleto de palavrões, termos pejorativos, próprio de sua casa, de sua comunidade e cabe ao adulto, educador (Funcionário e Professor) da escola dar o exemplo, para que aos poucos aprenda a ter uma linguagem apropriada a sua idade e nível de aprendizagem. É muito importante que o estudante seja estimulado a freqüentar a biblioteca da escola, a levar livros para casa, a se apropriar da norma culta.
As escolas poderiam oferecer aos estudantes o acesso a internet na biblioteca da escola. Iniciando com pesquisas e posteriormente postando suas produções em espaços livres na net, tais como blogs, wikis, fóruns... Infelizmente tem-se observado que a maioria dos professores ainda não utilizam a riqueza de materiais, softwares, sites nas suas aulas.
Um ponto crucial, que só depende do professor, é a sua formação, ou seja, a capacidade de aplicar conhecimentos e dominá-los, na execução das atividades em sala de aula, pois o aluno percebe claramente quando o professor não domina aquele tema que está sendo trabalhado, quando este se perde no esclarecimento das dúvidas, perde também o respeito do aluno, acontecendo a mesma situação quando o professor não domina os recursos tecnológicos. O professor deve procurar ajuda para se apropriar destes conhecimentos, procurar o coordenador pedagógico, um professor mais experiente que tenha capacidade técnica e eficiência profissional e docente, para orientar na organização de estratégias de seu alcance.
Quando a aula passa a ser interessante e estimulante para o aluno, ele vai percebendo o alcance de cada tema proposto, relacionando com o seu cotidiano, abrindo perspectivas para novas descobertas, abre-se, então, um leque de interesses para o aluno pesquisar. Desta forma, resolve-se grande parte dos problemas de aprendizagem, das dificuldades na leitura e interpretação de textos. Pode-se dizer que a leitura é chave de tudo para o sucesso do aluno. Como afirma Aninger, 2005 resolve-se os problemas de gestão de conteúdos e de conflitos, pois a gestão do conteúdo refere-se ao gerenciamento do espaço, materiais, equipamentos e recursos utilizados, se o professor utitilizar adequadamente os meios digitais, estará oferecendo aos seus alunos mais uma oportunidade de aprendizagem significativa; já a gestão de conflitos refere-se ao gerenciamento dos problemas disciplinares, dentro e fora da sala de aula, tanto por parte do aluno como do professor e funcionários, a postura comportamental expressa justamente as dificuldades apresentadas. A indisciplina é o reflexo da dificuldade de aprendizagem e de relacionamento no ambiente escolar.
A escola é um espaço da diversidade, cabe aos educadores gerenciar esta riqueza de idéias, de modos de ver e viver no mundo. A escola pública será de qualidade quando proporcionar ao aluno a formação cidadã, quando este incorporar os valores da democracia, da liberdade, do respeito ao outro e à natureza, afinal formamos cidadãos para o mundo. Líderes com poderes de argumentação, de equilíbrio emocional, com visão de trabalho cooperativo para um mundo ecologicamente correto, que somente será possível se este se apropriar da habilidade ler e interpretar materiais impressos e on-line.

REFERENCIAL:

1. ANINGER, Laila. A gestão da sala de aula. In: ABC Educatio. São Paulo, Criarp, abr, 2005, n. 44, p. 20-21.
2. BERGEL, Neusi Aparecida Navas. A metodologia da problematização no ensino superior e sua contribuição para o plano da práxis. In: REVISTA SEMINA. UEL. nov, 1996, v. 17, p. 7-11.
3. FRIGOTTO, Gaudêncio. O enfoque da dialética materialista histórica na pesquisa social. In: FAZENDA, Ivani (org). Metodologia da pesquisa social. São Paulo: Cortez, 2002. p.70-90.
4. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Ed. Alternativa, 2004. p. 9-26.